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Mulheres que correm com os lobos (2)


Sobre companheiros / companheiras / amigos / amigas:

"Quando a mulher selvagem tem uma idéia, o amigo ou companheiro jamais dirá "Bem, não sei... me parece mesmo bobo (pretensioso, inexequivel, dispendioso, etc.)". Um amigo de verdade nunca diria essas palavras. Eles poderiam se expressar de outro modo... "Acho que não entendi. Diga-me como você visualiza a idéia. Diga-me como vai funcionar."
Ter um companheiro / amigo que a considere como uma criatura viva em crescimento, tanto quanto uma árvore cresce a partir do chão, uma planta ornamental dentro de casa ou um roseiral no quintal... ter um companheiro e amigos que a considerem um verdadeiro ser que vive e respira, que é humano mas também composto de elementos delicados, úmidos e mágicos... um companheiro e amigos que apóiem a criatura que existe em você... são essas as pessoas por quem você está procurando. Elas serão amigas da sua alma pela vida afora. A escolha criteriosa de amigos e companheiros, para não falar nos mestres, é de importância crítica para continuar consciente, para continuar intuitiva, para manter o controle sobre a luz incandescente que vê e sabe.
A forma de mantermos o nosso vínculo com o lado selvagem consiste em nos perguntarmos exatamente o que desejamos. [...].

Uma das discriminações mais importantes que podemos fazer nesse sentido é a da diferença entre o que acena para nós de fora e o que chama de dentro da nossa alma.
Funciona da seguinte maneira. Imaginemos um bufê com creme chantilly, salmão, rosquinhas, rosbife, salada de frutas, panquecas com molho, arroz, curry, iogurte e muitos, muitos outros quitutes colocados em mesa após mesa. Imaginemos que examinamos tudo e vemos algumas coisas que nos agradam. Podemos comentar com nossos botões, "Ah! Eu realmente gostaria de comer um pouco daquilo, e disso aqui, e um pouco mais daquele outro prato".

Alguns homens e mulheres tomam todas as decisões da vida dessa forma. Existe ao nosso redor um universo que acena constantemente, que se insinua nas nossas vidas, despertando e criando o apetite onde antes havia pouco ou nenhum. Nesse tipo de escolha, optamos por algo só porque aconteceu de ele estar debaixo do nosso nariz naquele exato momento. Não é necessariamente o que queremos, mas é interessante; e quanto mais examinamos, mais irresistível ele nos parece.
Quando estamos ligados ao self instintivo, à alma do feminino que é natural e selvagem, em vez de examinar o que por acaso esteja em exibição, dizemos a nós mesmas: "Estou com fome de quê?" Sem olhar para nada do mundo externo, nós nos voltamos para dentro e perguntamos: "Do que sinto falta? O que desejo agora?" Perguntas alternativas seriam: "Anseio por ter o quê? Estou morrendo de vontade do quê?" E a resposta costuma vir rápido. "Ah, acho que quero... na verdade o que seria muito gostoso, um pouco disso e daquilo... ah, é , é isso o que eu quero."
Isso está no bufê? Talvez sim, talvez não. Na maioria dos casos, provavelmente não. Teremos de ir a sua procura por algum tempo, às vezes por muito tempo. No final, porém, iremos encontrar o que procuramos e ficaremos felizes por termos feito sondagens acerca dos nossos anseios mais profundos.
[...]

Outra maneira de reforçar o vínculo com a intuição consiste em não permitir que ninguém reprima nossas energias de vida... ou seja, nossas opiniões, pensamentos, idéias, valores, conceitos morais, nossos ideais. Neste mundo existem poucos exemplos de certo/errado ou de bom/mau. Existe, porém, o útil e o inútil. Também existem coisas que às vezes são destrutivas, bem como outras que são construtivas. No entanto, como todos sabem, o jardim deve ser revolvido no outono a fim de que se prepare para a primavera. Ele não tem como estar florido o ano inteiro. Devemos, por isso, permitir que nossos ciclos inatos, não uma outra pessoa externa a nós mesmas, determinem as curvas de ascensão e mergulho na nossa vida."

Do livro altamente recomendado
"Mulheres que Correm com os Lobos", de CLARISSA PINKOLA ESTES
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