Joseph Campbell (1904-1987) foi um professor extraordinário de mitologia, autor de vários livros, como "O Poder do Mito" (em versão impressa e DVD), "O Herói de Mil Faces", "Isto és Tu" entre outros.
Buscou através da mitologia mostrar os principais aspectos do ser humano na sua jornada pela auto descoberta. Reconhecido pela sua simpatia e profundidade, Campbell nos deixou uma obra de alto valor, uma síntese da sua própria busca pela verdade.
Veja trechos do "Poder do Mito", disponível nas suas duas versões.
"Metáfora é uma imagem que sugere alguma outra coisa. Por exemplo, se eu digo a alguém: “Você é uma víbora”, não estou sugerindo que a pessoa seja literalmente uma víbora. “Víbora” é uma metáfora. Nas tradições religiosas, a metáfora remete a algo transcendente, que não é literalmente coisa alguma. Aceitar a metáfora como auto-referente equivale a ir ao restaurante, pedir o cardápio e, deparando ali com a palavra “bife”, começar a comer [as páginas d]o cardápio."
"Shakespeare disse que a arte é um espelho voltado para a natureza, e é isso mesmo. Natureza é a sua própria natureza, e todas essas maravilhosas imagens poéticas da mitologia se referem a algo dentro de você. Quando sua mente se deixa simplesmente aprisionar pela imagem ali fora, impedindo que se dê a referência a você mesmo, nesse caso você terá lido mal a imagem."
"Existem dimensões do seu próprio ser e um potencial de realizações e ampliação da consciência que não estão incluídos no conceito que você faz de si mesmo. Sua vida é mais profunda e ampla do que você a concebe, aqui. O que você está vivendo é só uma fração infinitesimal daquilo que realmente se abriga no seu interior, aquilo que lhe dá vida, alento e profundidade. E você pode viver em termos dessa profundidade, e quando chega a essa experiência, você percebe, instantaneamente, que é disso que falam todas as religiões."
"A metáfora é a máscara de Deus, através da qual a eternidade pode ser vivenciada."
"MOYERS: Você está sugerindo que a mitologia é o estudo de uma única grande história da espécie humana? Qual é essa grande história única?
CAMPBELL: Que nós procedemos de um só fundamento de ser, como manifestações na esfera do tempo. A esfera do tempo é uma espécie de jogo de sombras sobre um fundamento atemporal. Jogando o jogo na esfera da sombra, você empenha o seu lado da polaridade, com todo o vigor. Mas você sabe que o seu inimigo, por exemplo, é apenas o outro lado do que você poderia ver, enquanto você mesmo, caso pudesse situar se numa posição medial.
MOYERS: Então a grande história única é nosso esforço para encontrar nosso lugar em cena?
CAMPBELL: Para entrar em acordo com a grande sinfonia que é o mundo, para colocar a harmonia do nosso corpo em acordo com essa harmonia."
(continua...)
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